O jipe JPX "Montez" que conhecemos teve seu projeto desenvolvido a partir de um modelo francês, o Auverland A-3.
A Auverland foi criada em 1984 para participar de uma concorrência promovida pelo Exército Francês para desenvolver e fabricar um veículo todo-terreno leve, robusto, de plataforma multi-uso e movido a diesel, que deveria substituir 2 gerações de viaturas leves movidas a gasolina então em uso naquela força. Fruto de rigorosas especificações do Exército Francês e de 2 anos de desenvolvimento nasce então o Auverland A-3, cujos primeiros modelos de pré-série saíram da fábrica em 1987. Após exaustivas baterias de testes de campo juntamente com outros concorrentes (entre eles havia uma variante do Land Rover Series III) acabou sendo o escolhido como o veículo vencedor. A partir de 1988, após alguns melhoramentos, fruto da experiência dos modelos de pré-série, inicia-se a fabricação em escala e a comercialização do veículo.
A partir de então a Auverland desenvolveu toda uma linha de veículos 4x4 baseados na plataforma do A-3, que incluem além das diversas versões do jipe militar (inclusive uma blindada), outros utilitários como ambulância, veículo de socorro e picapes, tanto para as forças armadas francesas quanto para o mercado civil, visando especialmente na Europa, órgãos públicos e empresas que necessitavam de um veículo 4x4 com características de robustez e comprovada agilidade em qualquer terreno.
Ao longo dos anos a Auverland desenvolveu e produziu mais de 25 modelos diferentes de veículos, desde os 4x4 leves, com carga útil de 500 Kg a pequenos caminhões 4x4 com carga útil de 2500 Kg, como o TC24 SL.
Do modelo A-3 a Auverland desenvolveu, a partir de 1989, uma versão de chassi mais longo, com 4 portas e diversas configurações de carroceria, mantendo entretanto a mesma mecânica. Além do Exército Francês, seu principal usuário, este modelo é muito utilizado pela Guarda Florestal, Polícia, Corpo de Bombeiros e por diversas empresas estatais, francesas.
De sua fábrica na França, na região de Saint-Germain Laval, saíram desde 1984 mais de 9 mil veículos, muitos exportados para países do continente Europeu, como Itália, Bélgica, Holanda e Suiça, dentre outros. Os jipes A-3 e sua versão alongada, o A-4, suas variantes e as picapes A-3 e A-4 são fabricados até hoje e fazem muito sucesso, especialmente nas regiões de terrenos mais acidentados e lamacentos da França e países vizinhos. Os modelos A-3 são muito apreciados pelos "jipeiros" na França, Espanha e Itália, onde são famosos por sua confiabilidade, robustez e economia. É conhecido por lá como "4x4 Acrobata".
Em 2005 a Sociedade Auverland adquiriu da PSA (Citroën-Peugeot) a SCMPL Panhard, sua principal concorrente francesa e, ao final deste ano a fusão das duas empresas passou a denominar-se PANHARD GENERAL DEFENSE.
No Brasil, o JPX Montez
A JPX do Brasil Ltda. foi criada em 1992 pelo empresário Eike Batista (mais conhecido no Brasil como ex-marido da modelo Luma de Oliveira) e surgiu inicialmente da necessidade de substituir os descontinuados jipes Ford (Cj5) então em uso pelo Grupo Minerador EBX (carro-chefe dos empreendimentos de Eike Batista). Tendo em vista que os 4x4 fabricados então no Brasil não atendiam aos requisitos necessários de suspensão, bitola e esterçamento para o trabalho em minas bem como não possuíam a relação custo/benefício desejada, o Grupo EBX através da criação da JPX partiu então para a idéia de fabricar um jipe nacional que atendesse suas necessidades e que pudesse preencher este nicho de mercado no país.
Após estudar alguns projetos nacionais existentes na época a JPX, com vistas à facilidade e economia na fabricação decidiu optar por um modelo já existente e consagrado ao invés de investir no desenvolvimento de um veículo totalmente novo. Após avaliar diversos modelos de veículos 4x4 ao redor do mundo, encontrou no Auverland A-3 o melhor projeto de jipe para uso profissional e trabalho pesado. Após negociações com a empresa francesa, o Grupo EBX/JPX adquiriu as licenças de produção para uma versão modificada do A-3 no Brasil e montou sua planta de produção na cidade de Pouso Alegre, em Minas Gerais.
Surge então o Montez, nome dado ao modelo de jipe produzido pela JPX, que adaptou o projeto da Auverland às necessidades locais, utilizando inclusive muitas peças já existentes no mercado nacional procedentes de outros veículos, visando baratear custos. A produção comercial em escala do Montez foi iniciada em 1994, baseada em alguns jipes Auverland A-3 importados para o desenvolvimento e testes (existem raríssimos modelos 1993, fabricados para testes e participação de avaliações e em eventos) e foi reduzida violentamente em 1997 (veja a página "O Jipe Montez" para maiores detalhes).
Além do jipe Montez, fabricado basicamente em 4 versões, a JPX desenvolveu e comercializou a partir de julho de 1995 duas versões de picape derivadas do Montez, uma cabine simples e uma cabine dupla, que eram oferecidas em duas versões, a ST (Standard) mais simples e a CD (top) mais completa e equipada. Mesmo com suas inegáveis aptidões para o fora-de-estrada, as picapes JPX não fizeram tanto sucesso quanto o jipe Montez, apesar de terem cativado boa parcela do público que necessitava de uma picape rústica, para uso pesado em terrenos difíceis.
A produção do JPX Montez foi encerrada em 2001, com um total de aproximadamente 2800 unidades produzidas, sendo que destes aproximadamente 500 eram modelos militares, destinados ao Exército Brasileiro. No período de 1997 a 2001 poucos jipes foram fabricados, a maioria sob encomenda. Nesta época a JPX dedicou-se também à exportação do jipe Montez, porém sem muito sucesso, tendo vendido algumas dezenas de unidades a países africanos e do oriente médio.
A JPX, ao contrário de muitos boatos que correram na época, não faliu e tampouco teve problemas financeiros ou dívidas inadimplidas. Houveram sim alguns problemas de imagem advindos da postura pouco ética da empresa para com suas concessionárias e no atendimento a seus clientes, fato que acabou desgastando a imagem dos seus produtos no mercado nacional. Um fato que poderia de certa forma explicar o encerramento de suas atividades é a grande quantidade de processos contra a JPX do Brasil que tramitaram e tramitam até hoje na justiça brasileira, muitos deles com sentença proferida e contrária à empresa.
Por motivos até hoje não esclarecidos totalmente, a JPX do Brasil Ltda. acabou encerrando suas atividades no início de 2002. O estoque de peças foi repassado a uma de suas antigas concessionárias no RJ, a Alpina 4x4, encarregada de abastecer o mercado com material de reposição. O maquinário foi leiloado e a fábrica desativada. Seu legado: um dos melhores veículos 4x4 já produzidos no Brasil . . .
A Alpina, de Petrópolis, última representante oficial da marca, fechou as portas em 2006, deixando "órfãos" centenas de proprietários de veículos JPX, que hoje recorrem unicamente ao mercado paralelo de peças, onde alguns poucos "heróis" subsistem para manter a lenda viva.